terça-feira, 26 de setembro de 2017

Suor

Pelo caminho vou colecionando momentos. Seguro com força para sentir na pele cada detalhe. Há de se convir que a fórmula é agradável quando se tratarem de doces lembranças. Mas não se engane, existem momentos pesados, densos, obscuros, que por mais que a mão se abra ficam eles lá grudados na pele. Como suor seco, grudento, só que com cheiro de lágrima. Salgado.

Por vezes nos pregamos um peça e largamos ao longo do caminho boas lembranças. Sem querer, de maneira negligente, escorre como mel marcando os anos, diluindo-se num complexo de fatos a que se convencionou chamar de vida. Logo a vista não mais os alcançará, já que a marcha não caminha para trás para buscá-los.

Mas estes momentos que salgam a pele, ah meu amigo, estes ficam. E quanto mais o caminhante percorre o seu caminho, mais o corpo fica denso e sujo das memórias mal-amadas que insistem em ficar.

Chegado um determinado momento da jornada é inevitável: hora de lavar-se. Em bom e claro português: amigo, vá tomar banho. Ninguém aguenta mais teu cheiro de tristeza.


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