segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Paternidade responsável

Depois de um período afastada de licença para seguir na vida, torno a me debruçar sobre um teclado com algum esforço.

Na medida em que desenvolvida a sonora batucada de dedos no teclado, há apropriação daquelas palavras no limbo de minha mente, que são aprisionadas naquele fundo branco brilhoso. Elas estão lá, presas, frágeis, pueris; e por mais que se debatam são impotentes diante da tinta fresca. Subitamente, inicia-se o tiroteio. Cada vez que pressionado o “delete” uma a uma subirá à terrível barra de espaço para morrer e sumir do mundo.

Considero que nestes 5 minutos diante da tela branca brilhosa cometi um terrível genocídio de palavras.

Prometo ter mais cuidado e somente colocá-las no mundo se tiver os meios de sustentá-las.

Sugiro que em tempos de orgia de pensamentos e “baby boom” de palavras as pessoas possam ser mais responsáveis. Afinal, palavras se juntam, constituem família e tornam-se frases. Frases estas que, uma vez ditas, ficam lá, presas, frágeis e imbecis no fundo branco brilhoso. Até que alguém as visite, momento em que o “delete” não mais terá os meios de retirá-las daqueles cujos olhos delas se apropriaram.


Aí, meu caro devasso, sua paternidade irresponsável de letras te tornará um belo de um bocó.

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