terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tudo e nada

Numa mesa redonda, quatro camaradas jogam cartas. Discutem sobre atualidades, sobre a vida, sobre absolutamente tudo e nada.
Num movimento brusco, um deles derrama o conhaque sobre a mesa; sujando assim a toalha, as cartas, o jogo, a vida, o tudo e o nada.
Com o jogo acabado, as cartas sob a mesa e um pano na mão, o bagunceiro resolve limpar tudo que fez de errado: limpou a mesa suja de bebida, limpou a casa, limpou o jogo. Pegou uma vassoura e varreu o pó para debaixo da mesa. Descontente, jogou a mesa fora. Descontente, quebrou as paredes de sua casa, as barreiras do condomínio, os limites da sociedade. Vôou.

Os amigos perplexos olharam aquilo, discutiram sobre o fato, sobre atualidades, sobre absolutamente tudo e nada. Puseram as cartas na mesa, o conhaque no copo, a sujeira na casa, as paredes ao seu redor, as barreiras no condomínio e os limites na sociedade.

sábado, 3 de julho de 2010

Manifesto dos sonhadores

A história de todas as sociedades até o presente é a história da luta de ideais. Cada um opõe sua visão de certo e errado, e tenta impor sobre o outro suas próprias concepções do certo e errado. Porém, sempre prepotente, o ser humano realmente acha que tem a capacidade de prever o que é melhor para a totalidade da raça. Porém esquecemos que muitas vezes não sabemos o que é melhor nem para nós mesmos. Logo a história de todas as sociedades é o resultado da reflexão egoísta de alguns de nós. Deixando as palavras bonitas de lado: um bando de patifes.

Não estou me excluindo desta massa de paspalões, e muito menos desmerecendo alguns atos de nossos antepassados. Afinal realmente, a humanidade tem uma história incrível, porém banhada de ganância, tirania e o veículo de todo progresso: a ambição.

É claro que se não fosse por estes três não estaria aqui, publicando num computador estas minhas vagas idéias sobre a sociedade, no conforto de minha casa. Sou o resultado de centenas de gerações que acima de mim me proporcionaram tal situação; seja pela ganância, a tirania, ou ambição.

Infelizmente, não são todos que estão na mesma situação que eu: alguns simplesmente nunca tocaram numa tecla de computador e não têm um lar para dormir. Mas muito mais cruel que não ter bens materiais, fico realmente decepcionada ao ver que alguns são pobre em sonhos. São conformistas. Aceitam a sujeira que é o presente sem nem ao menos se perguntar daonde veio esta sociedade em que vivemos hoje. Aquele que por um segundo para e olha para trás, percebe a sujeira que é a história humana. Salvo alguns heróis, não dá para negar que somos dos animais, o mais cruel.

Por isso, para todos aqueles que querem desintoxicar a humanidade desta luta sem fim de ideais, está na hora de ser ouvido. Chega. Se existe luta entre dois ideias é porque necessariamente um exclui ao outro, logo aqueles que acreditam em um não ficaram satisfeitos com o outro: nem um é democratico o suficiente, e sempre existirão insatisfeitos.

Mas sonhar é diferente de por um ideal à prova. Aqueles que sonham pensam em abraçar o mundo inteiro, sem excluir nenhum ser ao seu redor. O sonho é para aqueles que querem se livrar do peso da história, e recomeçar do zero a essência humana. Queremos outras palavras guias, sem ser as três marias da podridão que nos guuiaram até agora. Não queremos uma aplicação de um modelo na sociedade, queremos transformar a sociedade em si. Tudo novo: novos conceitos, novos limites, novos jeitos de sorrir, pensar, amar e sentir. Queremos ficar nus diante de todos os outros conceitos e dizer finalmente: é assim que eu sou.

Mudança, transfiguração, metamorfóse humanas. Mudaremos de nome e abandonaremos todo e qualquer vestígio deste passado sombrío. Aprender com os erros do passado para que? No sonho não existe erro, de nada serve nos serve tal aprendizados. Construíremos nossa linda utopia, a decoraremos com virtude, a honraremos com o simples fato de existir.

Sei que o Sonho está distante, mas se alguém já pensou nele, isso já o nutre o suficiente para não deixá-lo morrer. Se você tem esta vontade de gritar, dê à ela um pouco de vigor, não a deixe desnutrida. Alimente-a, faça grande e forte.

Sonhadores de todos os países, uni-vos!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Ele se foi"

A sala de operação era toda cinza, tanto as paredes como o teto. No centro, a mesa cirúrgica sustentava um corpo inerte, anestesiado; os tubos entravam em suas veias bombeando sangue, bombeando vida. Era o que lhe faltava, pois quem se deita sobre aquela mesa definitivamente não tem de sobra.


Médicos prontos, luz acesa, bisturi na mão. Começa então a cirurgia. Os batimentos cardíacos estavam estáveis, então devagar foram abrindo o corpo do paciente. É preciso ser cauteloso, qualquer erro podia ser letal.
“Faça aqui uma incisão, cuidado! Ele está perdendo muito sangue...”


A pressão começou a baixar, os batimentos cardíacos aceleraram, os médicos começaram a suar. A sala cinza viu uma mancha vermelha crescer no ambiente, refletida nos óculos do cirurgião chefe. Aquele barulho ensurdecedor penetrava nos ouvidos de todos aqueles que presenciavam a cena: “PI PI PI”. O coração desesperado tentava bombear algum vestígio de vitalidade para os outros órgãos: “PI PI PI PI PI”. O médico tentava estancar o sangue, o assistente apenas fechou os olhos, o que fazer numa hora dessas? “PI PI PI PI PI PI PI” Eram como os passos da Sra. Morte se aproximando “PI PI PI PI PI PI PI PI PI PI ”
Até que o prelúdio do silêncio tomou conta dos ouvidos de todos na sala: “PIIIIIIIIIIIIIIIIIII”


“Ele se foi.” Disse o médico cabisbaixo. “Um minuto de silêncio, perdemos mais um. Virão outros no lugar, mas nenhum pode substituí-lo. Ele nos fez acreditar por um tempo. Colorido, inocente... Desculpe-me querido!” Olhou para sua equipe e disse num tom monótono “Alguém no mundo acaba de ficar mais incrédulo, acabamos de matar mais um sonho.”


A sala de operação era a mente de um pobre ser por aí. Anestesiado, não sentiu a dor da morte de seu sonho. Amputado deste brilho a vida continuava, porém toda cinza, tanto as paredes como o teto.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

À la mode pour cette saison: aimer
Mais pas trop quand même
Tout mélodrame est à éviter
Très démodé.

Sortez de vos armoires les anciens sourrires
C'est franchement la dernière tendance
Le bonheur est le dernier fétiche
Magnifiance.

À poil, cassez les mirroires
Plus de maquillage, plus de tromperie
Caressez votre anatomie
Que c'est jolie.

"Formidable, chic, originel"
Ils le diront, un peu boulversés
Car a révolution c'est traditionnel
La nouvelle vague actuelle.

Sous le même ciel - Sob o mesmo céu

On sera toujours sous le même ciel,
C'est la même lune qui nous regardera,
Même si le paysage n'est plus pareil
Les souvenirs partagés ne me quittent pas.

Peut-on vivre sans toucher?
Ce qui m'échappe au bout des doigts
Est prisonnier de ma pensée.

Peut-on voir sans présance?
Mes yeux sont jaloux de ma mémoire,
Car elle me prouve ton existance.

Soleil d'été, lá-bas ou ici,
Rapelle-moi les beaux jours
Qu'on a passé en compagnie.

Mais les souvenirs vieillissent,
L'image s'évade du cachot
Malgré l'éffort, elle me quitte.

Et voilá la nuit qui surgit
Sous le même ciel on démeurera;
Car quand l'être s'éfface,
Ce qui reste est l'infini.

À côté du Soleil d'été, on sera toujours sous le même ciel...


Estaremos sempre sob o mesmo céu, e a lua que tanto nos observou continua a ser a mesma depois de tantos anos. Mesmo com paisagens diferentes as memórias são as mesmas, imutáveis e inseparáveis.

Podemos viver sem toque, e se segurar apenas com imagens? O que meus dedos não podem tocar é o que minha mente aprisionou em seu pensamento. Efígie que não deixo mais sair desta prisão. Meus olhos vazios invejam minha memória, afinal ela sim está plena de você.

Sol, você que nos acompanhou tantos verões , relembre-me dos belos dias que passei em companhia. Esquente minhas memórias frias pois elas estão envelhecendo. A imagem escapou de sua jaula, as lembranças estão fugindo. Em vão tento capturá-las, elas estão indo embora.

Assim a noite surge, o sol se vai, o frio abate e o calor nos abandona. E sob mesmo céu jazeremos; pois quando perdermos o calor da lembrança e nos apagarmos, restará apenas imensidão. O grande vazio nos será comum, e finalmente seremos um: seremos nada.

Ao lado do grande sol veranil, estaremos sempre sob o mesmo céu...

domingo, 23 de maio de 2010

Recaída - Parte 2

"Vamos dar um passeio?" Assim me disse o Delírio. "Vou te mostrar meu barato novo, chama-se Grandeza. Você vai se deslumbrar com esta substância nova"

Grande, grande, grande...
Cresce, vai, até alcançar as estrelas. Não, mais. Continua, até a via láctea, até outra dimensão.
Enche todo o vazio ao seu redor. Que não sobre nem um pedaço de nada, que não exista nada que não me preceba. Afinal, sou grande, gigante, imponente. Sou herói, sou vilão. Sou tudo. Sou imenso, sou imensidão.

Meu olhos não podiam mais entender o que estavam vendo, a cabeça rodava. Palavras bombardeavam minha existência violentamente. Eram tiros, acertando cada parte do meu corpo e denunciando minha fraqueza.
"ordinário", em cheio na minha boca.
"conformista", direto no meu estomago
"pequenino, insignificante, apenas mais um na imensa multidão" Pum, pum, pum. Até que a consciência atirou em meu coração.

Overdose de verdade. E meu êxtase chegou ao fim. O delírio saiu correndo ao ver a consciência e fui assim abandonado com os tiros que a velha rabugenta me dera. Descí do palco, caí das estrelas.


Mais uma história com meus amigos sr. Delírio e a sra. consciência.
Neste pequeno episódio me droguei com o que chamo de grandeza, ou pelo menos o que achamos ser a grandeza. Mas não é exatamente esta a sensação que temos quando nos sentimos "grandes"? Uma sensação eufórica, uma agitação interna; além é claro do grande prazer de se sentir indispensável. Até que nos tocamos que esta grandeza é uma mera alucinação, e que todo prazer se acompanha de uma enorme abstinência.

E como a sobriedade nos entedia, ser normal não é uma opção. Logo corremos ao nosso fornecedor mais próximo desta droga deliciosa e perigosa. Afinal, queremos ser grandes, grandes, grandes... maiores que o sol. E corremos para o Delírio, o maior safado que eu conheço.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Recaída

Aproximei-me do delírio.

Sussurrou no meu ouvido aquela palavra irresistível: "loucura".
Ah demônio, pare de me atormentar! Me provoca, me envolve, me seduz e sai correndo. Vai! Corre! Tua presença não é bem-vinda.
Gritou do fundo da sala uma provocação terrível: "adeus".
Não, não vá! Não me abandone aqui, seco e vazio. Me preenche mais uma última vez. Me leva daqui. Venha, e eu me rendo ao seu encanto. Fechei os olhos e assim foi.

Quando retornei desorientado, ouvi logo a provocação: "ingênuo".
Bateu a porta e foi embora de uma vez. O barulho atormentou a consciência, que logo veio tirar satisfação: "Você não consegue se segurar nem por um minuto?" Mas que vergonha, como fui ceder tão facilmente? A velha chata me encheu de censuras, e me convenceu a obedecê-la. Ficou com sono, afinal a idade já estava pesando demais na conciência. A porta bateu de novo; eu estava finalmente sozinho.

Resolví seguir os conselhos da rabugenta.
Porém quando estava me preparando para dormir, vi um vulto na janela.

Aproximei-me do delírio.

domingo, 25 de abril de 2010

Pelo direito de recomeçar

Estou andando, em linha reta. Já faz um certo tempo. O mesmo rumo, a mesma paisagem, a mesmice. Não que ela seja ruim, ou até fácil. Nós temos dificuldade em enfrentar o igual. Mas ela está lá, e a pequena estrada de tijolos dourados que Doroty percorre com seus sapatinhos vermelhos é uma via única. Quem me mandou vir por aqui? Alguém me colocou neste sentido e pareço nunca mais conseguir parar.

Chega. Quero sair. Quero usar sapatos azuis e não vermelhos, quero fazer curvas em vez de andar em linha reta, quero outra vista, outro vento, outra direção. Outro sol, outra lua, outro universo. Só quero conservar os mesmos olhos, para poder ver tudo na mesma perspectiva, a perspectiva de alguém que mudou.

Mudar não. Mudança é trocar de roupa, trocar de carro, trocar de namorado ou até de casa. Mudança é troca. Eu quero uma página em branco. Poder refazer as linhas diretivas da minha vida, mas com o último desenho, mesmo que inacabado, pendurado na parede
Recomeçar; de sapatinhos azuis, porque sou vaidosa. Estava tudo errado. A música estava riscada, a comida fria, os sonhos eram apenas enfeites.

Pelo direito de ouvir novos risos, novos sons, novos gritos de aflição, novos hinos de guerra, novos "Eu te amo", novos "Que horas são?", novos "Você está completamente maluca".
Pelo direito de comer novos ovos mexidos, novos sabores, novos beijos e novos venenos, novos sabores de você em meus lábios.
Pelo direito de sonhar de novo, sonhar de verdade. Sonhar com novos sonhos. Sonhar com o diferente. Viver sonhando e sonhar com que estou vivendo.

Pelo direito de recomeçar. Vou gritar até me ouvirem. Vamos juntos, na nova passeata da vida, nas novas perspectivas, nos novos sonhos, nos novos ovos mexidos.
Pelos sapatos azuis.
Contra o certo que não é errado mas que não é ideal.
Contra o medo do inviável.
Pelo infinito, pelo impossível.
Pelo novo sentido, pela sensibilidade dos loucos, e a normalidade do delírio.
Vamos. Nada de meia-volta no caminho de tijolinhos dourados. Meia-volta é mudança, não recomeço. Crie asas, e venha atrás de mim, até que o brilho do ouro do caminho antigo seja apenas mais uma estrela no céu do nosso novo universo.


sábado, 17 de abril de 2010

Ahh! Meus 13 anos...

Achei um pequeno poema que fiz em Abril de 2005. Como ele é um docinho, resolvi postar aqui um pedacinho de meus pensamentos de quando tinha 13 anos.

Felicidade

Longe daqui, de onde eu estiver,
Foges da brisa da maldade.
Ninguém te tem a ti,
Pois só tu tens a todos.
Ninguém te acha, mas te procura.
Só te encontra, felicidade,
Aquele que humildemente
Não te pede,
Mas te aguarda.

domingo, 11 de abril de 2010

A Chave Mestra

Certamente existe uma relação de escravidão entre o passado e o presente.

No plano sentimental essa conexão se faz por aqueles momentos que seguramos com tanta força para podermos nos lembrar de cada detalhe. O sentimento faz então com que o presente se alimente deste passado. Quer simplesmente revivê-lo infinitas vezes dentro de sua imaginação.
Porém, quando este sentimento faz mal, faz falta ou nos aborrece, tentamos abrir a mão para que ele escorra pouco à pouco de nossa memória. Como a água que vai, molha e depois seca, desaparece. Acontece que nos vemos impossibilitados de largá-los, pois nós os seguramos com tanta força que eles se impregnaram em nossa pelo. Sangue-sugas, memórias sugam nossa energia, nossos sorrisos, nosso prazer de viver o presente.

Ficamos lá, acorrentados ao passado. Mas esquecemos que no começo, nós mesmos colocamos as algemas em nossas próprias mãos, quando queríamos que aquelas lembranças tomassem nossa vida para sempre. E tomaram. Agora não podemos mais nos libertar.

Vivemos no presente carregando as longas correntes em que estamos presos. Mas ainda assim caminhando para frente, pois eu sei que há uma chave em algum lugar. Nós que nos acorrentamos, da mesma forma que nós vamos conseguir nos libertar. Chave misteriosa a que procuramos: Ninguém sabe como é, como se parece; ninguém sabe se é pequenina ou gigante... ninguém sabe se ela existe.

Futuro, vem me libertar.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Vai uma raspadinha aí?

À que podemos comparar nossa vida neste mundo? Segundo o monge Manzi, à um barco que parte na madrugada e que não deixa mais rastros. Fiquei inquieta quando ele me fez essa pergunta. Obviamente, não à mim em particular, mas à toda humanidade.

Logo comecei a pensar... à que posso comparar nossa vida, nossa experiência terrestre, nossos desejos e frustrações, nossas esperanças e lamentações? Como posso escolher apenas um objeto que terá em si o fardo de carregar todo peso da vida, da nossa existência? Bem, se Manzi escolheu um barco apressado, eu irei escolher algo mais construtivo, literalmente: para mim, a vida se compara à um pequeno baldinho de areia nas mãos de uma criança.

Antes que meus leitores achem que eu enlouquecí. Provavelmente estavam esperando que eu compararía a vida à uma guerra, à um penhasco, ou até à uma montanha-russa, afinal tenho textos referentes à esses três itens. Mas não dessas vezes vou escoler o bendito do baldinho de areia nas mãos de uma criança que ambiciona construir um castelo.

Bom, a criança nos representa: ela detém nossos sonhos, perspectivas e vivências. Ela definitivamente tem uma experiência terrestre, mas não se dá conta disso até que avô acabe deixando esta experiência. Ela chorará por três dias, mas depois se esquecerá que seu tempo aqui é limitado. Com um baldinho na mão olha para o mar, para o desconhecido, sem se dar conta da imensidão do mundo em que vive e de sua insignificância para tal grandeza. Sua maior preocupação é: como vou encher o baldinho?

É esse seu grande desejo... encher o baldinho. É isso que nós mais anseiamos. E depois de te-lo enchido até a boca, quer construir a primeira torre de seu castelo, e começar assim seu império. Poder, castelos de areia, uma raspadinha nas horas vagas... Não é exatamente isso que todos desejamos? Depois de muito fantasiar, chegam as frustrações. Talvez o mar, a imensidão da vida, leve uma das torres do castelo embora; ou quem sabe, todo nosso império. E nos vemos perdidos diante dessa derrota, e por mais queiramos uma raspadinha bem gelada, o vendedor já se foi deixando para trás a criança, que apenas tem um balde vazio na mão.

É assim que a esperança nasce, e cansada, com sede e calor, a criança resolve desistir de seu reinado: não vai mais contruir um castelo de areia, mas vai encher seu balde com conchinhas coloridas. Perfeito. Assim o mar não poderá tira-lás de mim, e eu estou me vingando: estou tirando dele suas pedrinhas preciosas coloridas. Depois de encher seu balde até a boca de conchinhas, a criança chega toda realizada em seu guarda-sol. Mostra para mãe a beleza de sua caçada, porém esta acaba com sua aventura: "Está na hora de ir embora, ja está tarde. O sol ja se pôs está tudo escuro. Me dê este balde para que eu possa lavá-lo e assim deixaremos a praia." Assim, a mãe devolve ao mar, à imensidão, o que lhe pertence. E tira da criança seu baldinho, levando-a para longe da praia: lamentação.

Agora você deve estar se perguntando, o que toda essa história tem a ver com o barco de Manzi?

Pois bem, a criança somos nós. Ela sente, vê, se interessa toma raspadinha e mais do que qualquer coisa, procura alguma coisa para fazer. O castelo de areia é aquilo que contruímos ao longo de nossas vidas; seria nossa carreira, nosso patrimônio. Queremos absoluto poder sobre ele. E quando o perdemos, ou ele se vê enfraquecido, entramos em desespero; assim como a criança, e culpamos céus e terra, ou no caso, o mar, pela nossa perda. Assim, depois de muito reclamar, resolvemos adotar um plano diferente. Em vão, porque no final do dia, ou da vida, quando começar a escurecer, teremos de deixar tudo para trás, e devolver à vida o que ela nos deu.

Agora, e o bendito do baldinho? Digamos que eu considero que se a felicidade é algo que nos enche, a tristeza é o que devemos preencher. A tristeza é a forma, a felicidade é o conteúdo. Temos de encher o baldinho para esquecer do vazio, e encher com conchinhas coloridas nossa tristeza. Assim ela se tornará simplesmente imperceptível: queremos mais é saber o que tem lá dentro. E a nossa maior preocupação é nunca deixar o baldinho ficar vazio. E é com essa felicidade que vamos contruindo nossa vida. Assim como a areia fez o castelo, a felicidade é o motor da humanidade para fazer alguma coisa, nem que seja vender raspadinha para crianças alienadas de sua experiência terrestre.


domingo, 21 de março de 2010

Ligue os pontos

Quando criança uma brincadeira muito popular era o tal do ligue os pontos. Confesso que sempre gostei daquele jogo engraçado, onde diversos pontinhos numerados se espalhavam pela folha em branco onde apenas una indicação era dada; "ligue-os do menor ao maior". Convenhamos que aquilo era quase una lei, uma ordem dogmatica que toda criança seguia religiosamente juntando cada pontinho até que a figura desejada pelo ditador do caderninho de desenho aparecesse. Era um racíossinio lógico até. Um, dois, três... E veja! Um adorável patinho!

Pois bem, o tempo foi passando... E apesar de ter aposentado meu pequeno caderno de desenho, vejo que a tal brincadeira continua um sucesso entre os adultos. Porém o processo é um pouco mais implícito. Veja só que interessante: Considere que cada pedaço de informação que você obtem seja um pontinho. Cada critica, casa fato... Esses são os primeiros pontos. Agora vamos aprofundando... Cada valor, cada moral, cada pedaçinho de certo ou errado que bombardeiam nossas mentes. Esses são os pontos mais altos, longes, quase impenetráveis.

Pronto! Hora da brincadeira! Ligue os pontos. Assim você terá uma opinião. E é exatamente isso que o "ditador do caderninho de desenho" quer que façamos. Que liguemos os pontos da forma que ele explicitou naquela ordem tão severa.

Ao final, qundo todos tivermos ligado os Pontinhos e formado a opinião que ele prescreveu, logo pensará: "que adoraveis patinhos!"

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Saison d'amour

Sois près de moi. Tout n’est que lumière. Je danse, il est temps de bonheur. Il est temps d’entendre les cris exités des nouveaux nés. lls ont déjàs commencé a sourrir, la joie enflamma nos pensés. La ville est pleine: ainsi que mon coeur.

Lâche moi. Tout commence a céder à nos alentours. J’observe, il est temps de comprendre. Il est temps de regarder les enfants mûrir. Tout se transforma: l'or se changea en bronze. La ville est triste: ainsi que mon coeur.

Pars. Tout est mort, il n’y a plus rien a faire. Je pleure, il est temps d’être en deuil. Il est temps de ramasser les corps glacés sur la rue, ils ont déjà commencé a pourir. La vie est incolore, affaiblie. La ville est seule: ainsi que mon coeur.

Reviens. Je veux tout recomencer. Mes larmes ont arrosée les fleurs moribonbes, ells viveront. Il est temps de revivre la joie des couleurs. Il est temps de devenir viril. Je ne suis plus en ville: je suis avec toi: ainsi que mon coeur.


Tradução: Estação de Amor

Esteja perto de mim. Tudo é apenas luz. Eu danço, é tempo de alegria. É tempo de ouvir os gritos exitados dos recem nacidos. Eles já começaram a sorrir, a alegria inflamou nossos pensamentos. A cidade está cheia: assim como meu coração.

Me largue. Tudo começa à ceder ao nosso redor. Eu observo, é tempo de entender. É tempo de olhar as crianças amadurecerem. Tudo se transforma: o ouro virou bronze. A cidade está triste: assim como meu coração.

Parta. Tudo esta morto, não há mais o que fazer. Eu choro. É tempo de ficar de luto. É tempo de recolher os corpos congelados na rua, eles já começaram a apodrecer. A vida é incolor, frágil. A cidade está só: assim como meu coração.

Volte. Quero recomeçar tudo. Minhas lágrimas regaram as flores moribundas, elas viverão. É tempo de reviver a alegria das cores. É tempo de se tornar viríl. Não estou mais na cidade, estou com você: assim como meu coração.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Caos de Verdade

A verdade é com certeza a coisa mais relativa que existe. Transparente, porém as vezes tão difícil de se enxergar. E cada um vê uma faceta diferente desta jóia, que já perdeu quase todo seu valor em nossos lábios... Mas mesmo sem valor, o preço a se pagar por ela pode ser incalculável.
Ela está se tornando rara, e as poucas pepitas que restaram estão sendo meticulosamente lapidadas para mudarem sua aparência. Logo, existem verdades que estão se transformando em mentiras. E mentiras que se tornam verdades, graças a insistência e ao esquecimento.

Elas começam a se fundir, como fundem ouro. Só que ao misturar ouro com parasitas, verdade com mentira, criamos nada mais nada menos que o caos. Nossas mentes se confundem, e este caos nos consome, entope pouco a pouco cada artéria de nosso coração, contaminando-o a cada frase que pronunciamos. Ouro sujo, ouro podre. Somos uma jóia que perdeu o valor.

E agora? Quem ira comprar nossos coracoes? Abraçadas, mentira e verdade caçoam de seus filhotinhos. "Humanos... quando irão aprender? Caiam na realidade!"