terça-feira, 26 de setembro de 2017
Guardado no armário - o sorrido quer sair do armário
Guarda aquele outro esquisito. Faz um barulhinho assim ó: "xiiiis". É chato, estridente. Vulgar. Um tédio.
Aquele lá que você guardou no armário e não tem usado pode até ser menos formoso. Mas adivinhe só? Lhe cai bem melhor.
Suor
Por vezes nos pregamos um peça e largamos ao longo do caminho boas lembranças. Sem querer, de maneira negligente, escorre como mel marcando os anos, diluindo-se num complexo de fatos a que se convencionou chamar de vida. Logo a vista não mais os alcançará, já que a marcha não caminha para trás para buscá-los.
Mas estes momentos que salgam a pele, ah meu amigo, estes ficam. E quanto mais o caminhante percorre o seu caminho, mais o corpo fica denso e sujo das memórias mal-amadas que insistem em ficar.
Chegado um determinado momento da jornada é inevitável: hora de lavar-se. Em bom e claro português: amigo, vá tomar banho. Ninguém aguenta mais teu cheiro de tristeza.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Paternidade responsável
Sugiro que em tempos de orgia de pensamentos e “baby boom” de palavras as pessoas possam ser mais responsáveis. Afinal, palavras se juntam, constituem família e tornam-se frases. Frases estas que, uma vez ditas, ficam lá, presas, frágeis e imbecis no fundo branco brilhoso. Até que alguém as visite, momento em que o “delete” não mais terá os meios de retirá-las daqueles cujos olhos delas se apropriaram.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Grito de Guerra
Algo sem forma vem perturbar minha lembrança. É um sentimento estranho, vazio. E só me afeta ao me pegar desprevenida, pois passo o resto do dia de armadura. Há alguns meses eu a comprei, porém ela ainda não é minha. Agora que já tomei posse desta proteção, como posso ainda respirar o ar de sua falta?
As saudades estão no ar. São um gás que entra pela narina, pelos olhos, pela boca; penetra quando reconheço seu cheiro, seu rosto e seu sabor. Queima meu pulmão. Faz-me perder o ar. E assim chega ao coração.
De que servem as armaduras se não se é forte para lutar?
Hora de comprar uma bela espada, e encravar no peito do problema. Arrancar de meus ventrículos os germes contaminados. Purificar meu ar. Ir pra guerra de peito erguido, saudável e finalmente leve...
domingo, 11 de setembro de 2011
A Grande Questão.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
O Papel
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Tudo e nada
Num movimento brusco, um deles derrama o conhaque sobre a mesa; sujando assim a toalha, as cartas, o jogo, a vida, o tudo e o nada.
Com o jogo acabado, as cartas sob a mesa e um pano na mão, o bagunceiro resolve limpar tudo que fez de errado: limpou a mesa suja de bebida, limpou a casa, limpou o jogo. Pegou uma vassoura e varreu o pó para debaixo da mesa. Descontente, jogou a mesa fora. Descontente, quebrou as paredes de sua casa, as barreiras do condomínio, os limites da sociedade. Vôou.
Os amigos perplexos olharam aquilo, discutiram sobre o fato, sobre atualidades, sobre absolutamente tudo e nada. Puseram as cartas na mesa, o conhaque no copo, a sujeira na casa, as paredes ao seu redor, as barreiras no condomínio e os limites na sociedade.